Comece agora: 10 Temas para Projetos de Melhoria Contínua

Precisando de inspiração para seu projeto? Veja essas dicas

O olhar crítico de Melhoria Contínua, como qualquer outra habilidade, fica cada vez melhor com a prática diária. E essa prática, juntamente com a oportunidade que tive de trafegar em diferentes tipos de indústria e serviços, me fez achar várias semelhanças entre elas.

Você pode mudar de segmento, mas os problemas estarão lá, sejam eles de tecnologia, processos ou pessoas. Às vezes eles estarão evidentes, outra vezes precisam ser procurados com maior cuidado.

Famílias felizes são parecidas; as infelizes são infelizes cada uma de um jeito.

(Anna Karenina)

Para acelerar a sua busca ou abrir novas frentes de trabalho, eu listei aqui 10 áreas que são fontes certeiras de problemas oportunidades de melhoria em virtualmente qualquer empresa. Servem como ponto de partida, e com certeza a cada descoberta virão outras mais para engrossar essa lista.

1. Reclamações de clientes

Melhorar a satisfação e trazer mais valor aos clientes é – ou deveria – ser a meta número 1 de qualquer organização. Verifique como estão os indicadores nessa área, e quais são as áreas críticas. Se não existem indicadores, que tal iniciar uma pesquisa? O NPS (Net Promoter Score) é a metodologia mais utilizada: você recomendaria o produto/serviços da empresa a um amigo/parente?

2. Cadastros e qualidade de informações

A má qualidade de dados afeta silenciosamente muitas empresas e traz prejuízos financeiros, retrabalhos e perdas a clientes, empregados e fornecedores. Imagine todas aquelas entregas que atrasaram pois o CEP estava incorreto, ou ter que pagar impostos pois um ativo da companhia foi cadastrado com um Zero a mais?!

Muitos dos erros acontecem por conta de entradas manuais de dados ou que não estão devidamente padronizadas.

3. (falta de) Integração entre sistemas

Ter sistemas que “conversam” uns com os outros é o sonho de 11 entre 10 administradores. Falta de integração significa que a informação que precisa navegar de um lado para outro de maneira pouco eficiente: manualmente, semi-automaticamente ou com auxílio de uma automação externa (robô). Essa falta de integração custa caro e é responsável por cadastros errados ou desatualizados. A integração por um serviço do tipo API (Application Programming Interface) é o ideal, mas opções de automação com robôs são boas alternativas desde que haja um esforço de padronização antes.

4. Recebimento de informações

Receber dados incorretos ou em um formato ruim para a utilização é o equivalente a receber um produto ruim em uma embalagem terrível para abrir. Um formulário organizado em excel é melhor que um texto livre no corpo de um email. Dados preenchidos em uma página web com validação dos campos (datas em formato correto, listas drop-down, botões de opção, etc.) são melhores ainda. Informação estruturada é melhor de visualizar, trabalhar, automatizar e analisar.

5. Controle de qualidade

Serviços e produtos deveriam passar por algum tipo de verificação antes de serem entregues ao seu cliente. Controle de qualidade, atualmente, existe em diversas maneiras. Não falo aqui de alguém vestido de branco fazendo inspeções (necessariamente), mas sim de etapas durante o processo de realização do produto ou serviço que verifiquem que as características chave para o cliente estão corretas. Esse controle pode ser automático, robotizado, manual, visual, usar um check-list, pode ser por amostragem ou 100%. O importante é que aconteça para garantir que as características mais críticas sejam efetivamente entregues.

6. Gestão de pessoas e equipes

Controles da produtividade e qualidade que está sendo entregue por indivíduos e equipes é o primeiro passo para obter melhoria com esses recursos. Com esses dados na mão – ou na tela – é possível identificar onde estão os pontos críticos e as melhores práticas. Nessa análise é comum verificar falta de um nivelamento adequado de atividades, com indivíduos/equipes sobrecarregados em comparação com outros ociosos. A boa gestão de pessoas deve trabalhar não só no treinamento e coaching daqueles que estão com baixa performance mas também do reconhecimento daqueles que entregam acima da média.

7. treinamento e desenvolvimento

Novos colaboradores, alterações de processo, novos projetos, sistemas novos, máquinas diferentes, novos clientes, falhas e reclamações. Todos esses eventos – e outros mais – são potenciais geradores de problemas e conflitos. Uma boa prática de planejamento e gestão de mudanças deve usar esses itens como gatilhos para treinamento e desenvolvimento de pessoas. Uma boa prática de treinamento deve entregar um bom conteúdo e verificar posteriormente que as pessoas absorveram e aplicam o conhecimento. Como Melhoria Contínua, podemos assegurar que todo esse ciclo existe e é efetivamente aplicado.

8. interrupções e paradas não programads

Uma indústria com manutenção bem planejada é atenta à qualquer parada não programada de suas máquinas, seja por falha, erro de operação, falta de energia ou desgaste. Essa disciplina também deveria acontecer no mundo administrativo, e não só com os sistemas principais mas também com sistemas secundários. Interrupções em comunicação, internet, lentidão de sistemas, falhas de aplicativos, serviços automáticos que não funcionam são exemplos de ralos de eficiência que podem estar passando despercebidos.

9. reuniões e relatórios

Reuniões e relatórios podem – na grande maioria das vezes – ser classificados como atividades que não geram valor, ou seja, o seu cliente não vai pagar mais para você por mais reuniões ou relatórios. Empresas desperdiçam seus recursos ao fazer com que pessoas estejam em reuniões que não precisavam participar, ou que estejam em reuniões mal estruturadas: sem agenda ou objetivo definidos. Relatórios, assim como reuniões, podem ter redundância com outros, ou inúteis – já que sua audiência não dá bola. Reuniões e relatórios devem ser objetivos, sucintos e destinados a quem realmente interessa.

10. pequenas melhorias

É comum que colaboradores de muitas organizações não se sintam ouvidos e consequentemente não são valorizados por sua liderança. Um programa de pequenas melhorias que envolve todos os colaboradores é uma maneira não só de obter eficiência operacional mas também como fator motivador. O kaizen – a melhoria pequena realizada continuamente – é peça fundamental da filosofia de Melhoria Contínua de uma empresa. Esse programa deve não só captar as ideias como também envolver as pessoas na execução. O poder dessa filosofia deve sempre ser considerado em escala e longo prazo. Uma equipe de 100 pessoas pode gerar – por exemplo – 200 ideias em um ano, que serão 1.000 em cinco anos.

para finalizar…

Melhorar continuamente não é apenas uma questão de redução de custo. As áreas de oportunidade acima foram analisadas criticamente sob a filosofia LeanMentalidade Enxuta, que preza pela redução de desperdícios mas também o equilíbrio no uso de recursos, envolvimento das pessoas e adição de valor ao cliente.

Top 5: Melhores de sites de visualização de dados

Para alguém que trabalha dia-a-dia analisando dados e construindo relatórios e dashboards para consumo de diferentes audiências da empresa, é muito fácil cair sempre nas mesmas soluções de visualização de dados, especialmente aquelas fórmulas prontas oferecidas pelos softwares de análise e visualização de dados.

Não que o básico não resolva o problema. Sou devoto de Pareto: um gráfico de barras resolve 80% dos problemas. Além do mais, creio que a maior parte das visualizações ruins que observamos todos os dias na empresa e nas diversas mídias disponíveis são porque não quiseram utilizar uma solução mais simples.

Mas existe o belo, que é aquele trabalho que além de demonstrar a frieza dos números atrai os olhos pela harmonia de cores, formas e composições. A lista de sites abaixo serve não só como fonte de inspiração para melhorar aquelas tarefas regulares mas também costumam ser boas fontes de aprendizado, dando dicas práticas de O QUÊ e COMO fazer.

1. Storytellyng with data

O site storytelling with data é a extensão do livro de mesmo nome, da autora e ex-Google Cole Nussbauer Knaflic. Rico em exemplos e guias práticos para transformar aqueles gráficos básicos de Excel em apresentações muito melhores.

2. FiveThirtyEight

Nate Silver, badalado estatístico das eleições americanas e autor de The Signal and The Noise (O Sinal e o Ruído) criou um blog jornalístico com visualização de dados acima da média. Particularmente adoro a seção de esportes.

3. flowing data

O FlowingData, além de demonstrar muita criatividade com infográficos, ele geralmente compartilha as bases de dados e os códigos (R/Python) para gerar as visualizações. Com uma assinatura premium é possível obter ainda mais guias e tutoriais.

4. the pudding

Mais na linha artística, The Pudding junta jornalismo e artes visuais. Infográficos são muito bem construídos ao redor de dados importantes. A seção How-To – já para experts em visualização de dados – mostra algumas dicas de criação.

5. makeover monday

Trazer desafios semanais entre a comunidade é a proposta do Makeover Monday. Além de trazer informações, publicações e guias para construção de gráficos melhores

O que não fazer

Para finalizar a lista (fora dos TOP 5), VIZ.WFT é um site divertido para observar maus exemplos da utilização de gráficos. Se você faz/fez algo parecido com o que está no site, melhor pensar em aprender mais sobre visualização.

Tomando decisões baseadas em dados: O ponto de partida

Decisões devem basear-se primeiramente em dados verdadeiros e representativos

Muito se fala em tomar decisões baseando-se em fatos e dados, mas o que acontece na prática é que muitas pessoas ainda tomam decisões com vieses. Dá para gastar um bom tempo lendo Daniel Kahnemann e entendendo dessas “falhas” de julgamento, porém vou me ater à decisão racional sobre dados.

O primeiro passo, creio, é saber se os dados são relevantes, se foram coletados da maneira correta e de uma fonte confiável. Utilizar dados socio-econômicos da cidade de São Paulo para definir políticas para o interior do Tocantins pode ser um exemplo desse tipo de erro, assim como utilizar pesquisas de opinião com o público em geral para um produto que é essencialmente consumido por jovens, como um App de compartilhamento de vídeos.

Os dados também deveriam vir de um sistema (seja ele um dispositivo, um banco de dados ou um formulário de pesquisa) devidamente calibrado, ou seja, que fornece um dado exato (ou com uma margem de erro aceitável) sempre que solicitado – pois ninguém gosta de receber uma resposta diferente para a mesma pergunta!

Há uma bibliografia bem extensa sobre MSA (Measurement System Analysis – Análise de Sistemas de Medição), que é uma forma mais científica de analisar o sistema que está sendo utilizado para medição – neste link tem um livro interessante.